Com um investimento de 25 milhões de euros, o governo alemão pretende expandir sua rede de vias expressas para ciclistas. O objetivo é atender ao crescente número de pessoas que passaram a utilizar a bicicleta e percorrem longas distâncias até o local de trabalho ou estudo
Uma realidade alemã: as “autobahns” para ciclistas. Sem semáforos nem cruzamentos, seria possível chegar muito mais rapidamente à universidade ou ao trabalho e, ao mesmo tempo, aliviar o tráfego das já saturadas auto-estradas. Deslocamentos entre cidades, ou do subúrbio ao centro de bicicleta são uma boa ideia tendo em vista as rodovias congestionadas, a poluição do ar e além tudo um combate ao sedentarismo e um grande incentivo à melhoria da saúde e qualidade de vida.
Percorrer em bicicleta distâncias de até 20 km não seriam empecilhos para o cidadão alemão, é o que aponta um recente estudo do Instituto Federal de Pesquisas em Construção, Urbanismo e Desenvolvimento Espacial (BBSR) – a média dos deslocamentos entre casa-trabalho ou casa-estudo é de 16,8 quilômetros.
Marcus Peter, da Universidade Técnica de Hamburgo (TUHH), analisou onde faz sentido a construção de vias expressas para bicicletas na região metropolitana da cidade localizada ao norte da Alemanha. As vias expressas são destinadas, principalmente, às pessoas que usam a bicicleta para percorrer trechos entre cinco a dez quilômetros explica o pesquisador. "Se o caminho é mais longo, as pessoas tendem a não percorrê-lo de bicicleta”. Porém, mesmo que o trabalhador tenha que percorrer, em média, mais de dez quilômetros para chegar a seu local de trabalho, Peter diz que o investimento em autobahns para bicicletas traria vantagens significativas. "Vejo um grande potencial para quem tem que percorrer uma faixa de até dez quilômetros, o que pode gerar um alívio do tráfego nas rodovias", opina.
Marcus Peter endossa o estudo de viabilidade do projeto Radschnelweg Ruhr (via expressa para bicicletas do Ruhr), a RS1, a ser executado na região no oeste do país. Com seus mais de 100 quilômetros, a autobahn para bicicletas acabaria com cerca de 52 mil viagens de carros diárias. O projeto prevê a ligação, até 2020 das cidades de Duisburgo e Hamm, conectando ainda outras dez cidades e reduzindo as emissões de CO² da Alemanha em 16,6 mil toneladas por ano. O primeiro trecho entre as cidades de Essen e Mülheim an der Ruhr já está pronto. A construção recebeu fundos da União Europeia, do estado da Renânia do Norte-Vestfália e da Associação Regional do Ruhr (RVR).
O projeto também ganha força graças à crescente popularização das e-bikes/bicicletas elétricas. As bicicletas a pedalada assistida exigem menor esforço do usuário, portanto não é necessário um grande preparo físico, além disso é possível percorrer distâncias maiores com tempos aceitáveis, se comparados aos de um deslocamento feito com automóveis.
Para o pesquisador as vias expressas são muito mais que uma simples opção para deslocamentos casa-trabalho/casa-escola. Essas vias poderiam, sem nenhum problema, ser utilizadas para ir às compras ou ao cinema. O cidadão ganharia muito mais flexibilidade. Além disso, quem quer sair à noite geralmente tem problemas para voltar para casa devido a ônibus e trens que não operam depois de certa hora, com as vias expressas o usuário teria a segurança garantida por circular em uma via segregada.
As primeiras vias expressas construídas na Alemanha foram custeadas por municípios e estados. O aporte de 25 milhões de euros (R$ 83 milhões) do governo federal para muitos é um "importante sinal político"; no entanto, o orçamento é muito pequeno para ser dividido por toda a Alemanha. O custo de um quilômetro de via expressa para bicicletas custa entre 500 mil e 2 milhões de euros (R$ 1,6 a 3,2 milhões), assim com o valor destinado pelo governo, apenas poderiam ser construídos entre 12 e 50 quilômetros .Por isso, a ADFC pede que o investimento seja multiplicado por dez, o que resultaria em cerca de 300 quilômetros de vias expressas para bicicletas no país. Bernard Meier, porta-voz da Secretaria de Transportes da Renânia do Norte-Vestfália, destaca o valor relativamente baixo quando comparado com autobahns projetadas para os deslocamentos automotivos que custam entre 15 milhões e 20 milhões de euros por quilômetro.
(Deutsche Welle)
28 Abril 2017
Mobilidade