Mercado
O mercado brasileiro de bicicletas ainda não viveu seu “boon” na economia. Durante os anos 80 o mercado não ultrapassava o volume de 2,8 milhões de unidades anuais; a produção estava concentrada em apenas duas empresas tradicionais do ramo, com produção altamente verticalizada, que contavam com poucos fornecedores de componentes, além das importações, que eram raríssimas.
Nos anos 90, a entrada no mercado de dezenas de distribuidores e fabricantes de peças e componentes, possibilitou a mudança de perfil do setor. A fabricação de bicicletas em larga escala se concentrou em São Paulo e em Manaus e as empresas começaram a horizontalizar sua produção se tornando essencialmente montadores.
O mercado chega a 6 milhões de bicicletas vendidas anualmente.
Nesta década também ocorreu a abertura do mercado brasileiro para as importações. O Mercosul acomodou as alíquotas de importação da Tarifa Externa Comum (TEC) em 20% para bicicletas e 16% de partes, peças e acessórios. O continente asiático se fortalece para exportar, consequentemente ocorre o crescimento exacerbado da China como pólo exportador para todo o mundo.
Em 2011, fim da fase da liberalidade no comércio exterior, quando se acentuaram no governo medidas de protecionismo, além do aumento exacerbado de algumas alíquotas de importação, o governo adota medidas de defesa comercial para inúmeros setores da economia. A situação se agrava com a instauração de medidas antidumping para a importação de produtos essenciais para a montagem de bicicletas, e de produtos fundamentais para a reposição.
Por outro lado, tem sido uma constante a influência dos governos federal, estaduais e municipais, na promoção da bicicleta como modo de transporte. Essa influência se evidencia na crescente instalação de estruturas cicloviárias em centros urbanos.
Os usuários de bicicletas se tornam cada vez mais exigentes, mas ainda existe uma parcela da população que não tem acesso a esse meio de locomoção, o que resultaria num verdadeiro processo de inclusão social e de preocupação com o meio ambiente.
Mas ao contrário do que as faixas para ciclistas mostram, o incentivo ao uso de bicicleta não é tão forte quanto se imagina. A bicicleta ainda é um produto caro no Brasil, quando comparado com bicicletas asiáticas, norte-americanas, etc... fruto da alta e complexa carga tributária e de nossas deficiências em logística e infraestrutura.
Os produtores asiáticos, em especial a China, têm focado sua produção na qualidade e o setor de bicicletas ingressou fortemente no processo de globalização e internacionalização.
Infelizmente para o Brasil, os dois últimos anos e este primeiro semestre de 2015 não foram animadores para o setor. Queda sistemática nas vendas (em torno de 10% ao ano) preocupam. Mas o setor terá capacidade de se recuperar. Para o futuro, prevê-se uma fase de renovação da frota de bicicletas no Brasil, hoje em torno de 80 milhões. Almeja-se alcançar uma capacidade produtiva em torno de 8 a 9 milhões de bicicletas por ano, num mercado competitivo e saudável.
Uma menor interferência do governo no setor pode resultar futuramente num mercado promissor. O consumidor estará mais exigente, e a quantidade de pessoas com melhor poder aquisitivo tende a aumentar, resultando em produtos com tecnologia avançada.
A estabilidade do setor dependerá também de termos num futuro próximo bicicletas com baixo custo de produção, com normas de qualidade e segurança bem definidas e acessíveis a todos.