Utilizar resíduos plásticos para pavimentar ciclovias, não é novidade: na cidade de Zwolle, na Holanda, em 2018 foi inaugurado um trecho experimental com 30 metros. Mas cada país e região tem suas características particulares, e para buscar soluções para o mercado brasileiro, o Hubittat, laboratório de inovação da Serviços Técnicos de Engenharia, sediada em Canoas, deu início ao desenvolvimento de um projeto para pavimentação de ciclovias com módulos de plástico. O projeto foi selecionado para a Braskem Labs 2019, a plataforma de empreendedorismo sustentável da Braskem.
Uma equipe formada por engenheiros, geógrafas e arquiteto, ao todo 6 pessoas, está trabalhando no desenvolvimento de módulos fabricados com plástico reciclado para a pavimentação de ciclovias. Uma proposta em sintonia com a Economia Circular, conceito que prevê reduzir, repensar, reutilizar e reciclar recursos como o plástico.
Segundo o arquiteto Roger Carvalho, o projeto incentiva o descarte consciente de materiais. “Nossas pesquisas iniciais mostram que é possível produzir mais de 20 mil quilômetros de ciclovias só com o volume de plástico descartado no ano passado. Queremos contribuir com a redução do descarte irregular e começar uma cadeia de reciclagem, mostrando valor em um produto que antes as pessoas não viam”.
Apesar do embasamento técnico, o grupo não conhecia o mercado do plástico – e foi aí que viu a grande oportunidade de desenvolver o produto com a ajuda do Braskem Labs. “Procuramos o programa porque acreditamos que a Braskem possa nos ajudar com toda a sua experiência no setor”, avalia a geógrafa Daniela Viegas.
Segundo a equipe que está trabalhando no projeto, há um impacto positivo intangível para o meio ambiente, pois para a fabricação do piso modular são utilizados resíduos plásticos que poderiam ser descartados no meio ambiente de forma inadequada. Este material poderá ser estruturado em um pavimento durável. Segundo estimativas do grupo de trabalho, a durabilidade desse material seria 3 vezes superior ao de um pavimento convencional. Um trecho experimental da ciclovia poderá ser implantado em Porto Alegre.
Com a mentoria, a equipe tem uma melhor compreensão da cadeia do plástico e os processos produtivos, além de estudar a matéria prima; nos encontros com as outras startups selecionadas pelo programa da empresa química e petroquímica. Há muita troca de ideias e conversas sobre como o negócio pode funcionar em diferentes regiões do país, conforme explica Roger. “São duas palavras que definem como está sendo participar do projeto: aprendizado e gratidão. A cada encontro presencial ou videoconferência, sempre aprendemos alguma coisa nova. É uma grande oportunidade de crescimento pessoal e profissional”, completa Daniela.
A expectativa do Hubittat é que, no decorrer do programa, o grupo consiga validar a solução e fechar o modelo de negócios para, então, buscar captação de recursos, tirando a ideia do papel. “Investir no desenvolvimento de novos produtos é um combustível importante para o mercado e para a própria empresa. Isso beneficia todo mundo: os empreendedores, a sociedade e o mercado”, conclui Daniela.
(Diário de Canoas)
11 Novembro 2019
Mobilidade