Em busca de ideias para construir um centro de triagem de animais silvestres na Venezuela, três arquitetos e uma veterinária partiram de bicicleta para uma expedição pela América do Sul. Na viagem, que já dura seis meses e deve superar os 12 mil quilômetros pedalados, fizeram uma parada no Refúgio Biológico Bela Vista – RBV – centro de referência no cuidado e triagem de animais nativos, mantido pela Itaipu Binacional em Foz do Iguaçu.
Durante a visita ao Refúgio Biológico Bela Vista , os venezuelanos foram recebidos pelo veterinário Wanderlei de Moraes, da Divisão de Áreas Protegidas (MARP.CD), que conduziu os viajantes durante a visita especial. Para o veterinário, foi uma surpresa receber uma equipe de pesquisadores que estão percorrendo o continente de bicicleta: “É a primeira vez que recebemos especialistas buscando conhecer diversos locais para depois poder fazer um centro de recepção de animais. Eu me sinto muito feliz por poder ajudá-los a pensar nesse centro com mais tecnologia e com mais fluxo de trabalho. Para nós foi uma surpresa recebê-los de bicicleta”, destacou Moraes.
Os venezuelanos estão coletando informações para o projeto de construção de um Centro de Reinserção Agroecológico em seu país, a ideia surgiu da carência que há na Venezuela nas áreas de triagem e reinserção de animais na natureza. Como o Brasil possui grandes exemplos de referência nessa área, o quarteto decidiu percorrer centros de triagem e, um a um, foram sendo redirecionados a outros centros, redefinindo e ampliando a rota original da viagem que, no início, incluía poucos pontos de visita.
De acordo com a veterinária Adriana Cardozo, integrante do grupo, dos lugares por onde o grupo já passou o RBV “é uma evolução, um passo à frente no tratamento e na reabilitação da fauna silvestre. É um nível mais elevado. Para superá-lo, acho difícil. É um passo acima de tudo que já vimos.” Para Hector Melean , o principal “é observar a estrutura dos centros para não fazer um projeto que fique mudando”. Jesus Garcia e Rosangela Jiménez (27), completam o grupo.
Além da crise instalada na Venezuela, um problema que os pesquisadores enfrentam para tirar o projeto do papel é a falta de investimentos, tanto por parte do governo quanto de iniciativa privada, o que os faz buscar alternativas de construção autossustentável e que não necessite de um elevado financiamento. “Estamos visitando também locais que sejam feitos de bioconstrução, para facilitar os investimentos”, destacou Melean.
A questão ecológica, condições econômicas e a oportunidade de conhecer mais lugares foram a motivação da escolha de fazer a expedição em bicicletas: “Para nós, conhecermos vários centros de triagem iria custar muito. A bicicleta nos permite ir a esses locais sem muitos gastos”, explicou Melean.
O grupo ainda deve visitar o Paraguai e percorrer boa parte da Argentina, pois sua viagem se conclui no extremo sul do continente em Ushiaia, de onde retornarão à Venezuela de Avião.
Fotos: Alexandre Marchetti/Itaipu Binacional
(Itaipu Binacional)
21 2017
Mobilidade