A maioria dos ciclistas de Salvador é homem, tem entre 25 e 44 anos, tem renda de até dois salários mínimos, ensino fundamental ou médio completo e começou a utilizar a bicicleta como meio de transporte há menos de cinco anos.
Isto é o que aponta a pesquisa Perfil do Ciclista Brasileiro, desenvolvida em dez cidades pela Organização Transporte Ativo, Observatório das Metrópoles e Universidade Federal do Rio de Janeiro, em parceria com entidades que atuam na promoção da bicicleta.
Lançado recentemente, o estudo revela o perfil das pessoas que usam o veículo como transporte urbano. Foram 5.012 ciclistas entrevistados nas dez cidades - Aracaju, Belo Horizonte, Brasília, Manaus, Niterói, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo.
Na capital baiana, foram 435 pessoas ouvidas, em diversos pontos, como orla, subúrbio e centro. O estudo indica que, em Salvador, 69,4% dos entrevistados utilizam a bicicleta como um transporte entre cinco e sete dias na semana, sendo que o principal destino é o trabalho - 84,5%. Do total que a utiliza como meio de transporte, apenas 6% são mulheres.
Coordenador da pesquisa na capital baiana, Daniel Bagdeve, da Associação Bike Anjo, afirma que um dos resultados evidenciam o crescimento do número de usuários do veículo em Salvador nos últimos anos. Mas revelam, também, desafios que ainda não foram superados.
Bagdeve destaca que um dos dados da pesquisa ajuda a desmistificar a ideia de que a bicicleta é "coisa de pobre". "Só 18,4% foram procurar a bicicleta por ser mais barato. As principais motivações são a rapidez e praticidade (37,7%) e por ser mais saudável (34,6%)", pontua.
Este dado, aliado ao crescimento nos últimos cinco anos, principalmente a partir de 2013, leva à interpretação de que as "pessoas já estão se incomodando com os engarrafamentos", diz ele.
Bagdeve afirma que a infraestrutura para ciclistas ainda não é boa o suficiente. Ele acredita que as ciclorrotas, apesar de precisar de melhorias, são um bom conceito trazido pela prefeitura: "Ela mostra que aquela rua é mais segura, sinalizando que ali passam ciclistas".
O presidente da Saltur e coordenador do Movimento Vai de Bike, Isaac Edington, enfatiza outro resultado da pesquisa: a relação inversamente proporcional entre a renda e o número de ciclistas. "As pessoas que têm condições de ter outro meio de transporte, como o carro, acabam dando esta preferência. Mas isso está mudando", afirma.
Nacional
Para o coordenador-geral da pesquisa, Zé Lobo, também diretor-geral da Organização Transporte Ativo, o aumento do número de usuários nos últimos cinco anos em Salvador reflete a situação nacional.
Mostra, segundo ele, que está havendo uma mudança nacional em relação à prioridade dos carros nas ruas nos últimos 80 anos. "As pessoas e ciclistas foram tirados das vias. Isso influencia, inclusive, no desrespeito dos condutores, que estão acostumados a ser os "donos da rua'", diz.
(A Tarde)
01 Fevereiro 2016
Mobilidade