Amsterdã acende o sinal vermelho e proíbe os aplicativos de compartilhamento de bicicletas que não tiverem estações para retirada e entrega dos veículos.
Uma das cidades mais amigáveis à causa da bicicleta, Amsterdã, iniciou um duro movimento que vai contra as empresas particulares de compartilhamentode bicicletas. O alvo são as empresas que trabalham por meio de aplicativos descarregados nos smartphones e que não utilizam estações para a retirada ou entrega das bicicletas.
A facilidade de retirar ou deixar a bicicleta em qualquer lugar da cidade se tornou um grave problema para a capital holandesa. Uma cidade aonde o principal meio de transporte é a bicicleta, tem como grande problema a falta de locais para estacionar as bicicletas e os espaços públicos estão proibidos para o estacionamento de uma bicicleta que será utilizada mais tarde por uma outra pessoa. A falta de docas ou estações e a falta de coordenação com os governos para oferecer os serviços no entorno de toda a cidade contribuem para o questionamento aos sistemas de aplicativos em cidades aonde falta espaço.
A ação atinge, apesar de indiretamente as duas maiores operadoras de compartilhamento do mundo, as chineas Ofo e Mobike que começavam a espalhar seus serviços em várias cidades da Europa. No final do mês de julho a PBESS - Plataforma Europeia para o Compartilhamento de Bicicletas deu o sinal apontando que os métodos das duas empresas eram disruptivos, ou seja, nada convencionais e que trazem problemas ao mercado e também para os espaços públicos como vem acontecendo em algumas cidades chinesas aonde é possível encontrar pilhas de bicicletas largadas em espaços públicos.
Para coibir esse procedimento de deixar as bicicletas em qualquer lugar, a cidade de Amsterdã é uma das pioneiras no mundo a se posicionar contra esses sistemas de compartilhamento administrados por aplicativos e sem estações. Em um primeiro momento, a Flickbike e Donkey Republic que operam sistemas voltados aos turistas que visitam a cidade foram as primeiras atingidas; desde setembro do ano passado, essas duas empresas colocaram centenas de bicicletas nas ruas, ocupando o escasso lugar para o estacionamento das bicicletas utilizadas pelos moradores da cidade.
O responsável pelo trafego na cidade , Pieter Litjens declarou: "Nós não queremos que as bicicletas compartilhadas ocupem o escasso espaço público. Estamos trabalhando arduamente para criar mais espaço para o ciclista, e não queremos que isso seja ocupado pelas muitas bicicletas comerciais compartilhadas. Na verdade, se o fizerem, vamos levá-las. O propósito do conceito de compartilhamento de bicicleta Deve ser reduzir o número de bicicletas na cidade. Até agora, eles só parecem estar aumentando, queremos acabar com isso".
No começo do verão europeu (inverno aqui no Brasil), eram cinco as companhias de compartilhamento que operavam em Amsterdã , o que gerou um grande aumento da frota; comenta-se que isso provocou até a falta de algumas pelas de reposição nas oficinas mecânicas. Ao mesmo tempo que o crescente número de operadoras aponta para uma demanda, em muitos casos, é possível encontrar essas bicicletas encostadas por dias e sem uso em algum lugar público da cidade. Muitos dos cidadãos comuns, viram nessas empresas um outro exemplo do excesso do setor turístico, onde as bicicletas de aluguel destinadas a visitantes estão tomando o espaço do cidadão. Não que os sistemas sejam de todo ruins, mas em países com fortes regulamentações e com populações que exigem seus direitos, uma ação mais amigável das operadoras junto aos cidadãos e aos gestores públicos poderia ser um início de uma mudança na cultura da mobilidade da cidade que passaria a compartilhar e mudando os hábitos do cidadão que sempre que possível é dono de sua bicicleta.
Vikenti Kumanikin, fundador da empresa de compartilhamento de bicicletas Flick Bike, não se surpreende com esta medida e entende a atitude das autoridades. O empresário declarou à rede de rádio AT5: "Estamos felizes com a decisão do município. É uma pena que o município esteja abordando isso de forma tão negativa. Mas eles têm que fazê-lo agora. Há muitas empresas despejando grandes quantidades de bicicletas na cidade. O freio de mão teve que ser puxado " Kumanikin acha que o município está impondo essa medida rigorosa porque algumas empresas têm pouca auto-regulamentação. "Esperamos para ver o cumprimento rigoroso da execução". Ele acredita que o conceito de compartilhamento de bicicletas irá sobreviver a esta medida, apenas a forma como as regras são feitas é que passará por uma mudança.
Apesar da proibição, Amsterdã não possui um programa oficial de compartilhamento de bicicletas, mesmo assim, há uma grande quantidade de lojas aonde é possível o aluguel. A Holanda adota o sistema OVFiets direcionado aos deslocamentos feitos próximos estações de trem num raio de no máximo 2 a 3 km Nos últimos anos, a cidade removeu muitas bicicletas abandonadas nas ruas para abrir mais espaço. A cidade também vez vultuosos investimentos na construção de estacionamentos, inclusive estacionamentos flutuantes.
Foto: Wikimedia Commons / Jorge Láscar
(Citylab)
24 2017
Mobilidade