Mais ciclistas nas ruas, mais quilômetros de ciclofaixas e o resultado direto repercutiu nas vendas e lojas especializadas de Niterói, aonde a crise não se fez sentir com intensidade, pelo contrário, as bicicletarias, segundo aponta o jornal O Globo, tiveram aumento nas vendas
Em tempos de crise sempre é bom encontrar notícias positivas e que demonstram que investimentos em infraestrutura e mobilidade podem repercutir de maneira positiva no mercado. O exemplo foi levando recentemente pelo jornal O Globo na cidade de Niterói, que em matéria aponta que cada vez mais os niteroienses usam a bicicleta como modal e que esse movimento repercutiu diretamente nas lojas especializadas. Contagens realizadas pelo grupo de ativistas Mobilidade Niterói e o programa oficial da prefeitura, Niterói de Bicicleta, na ciclofaixa mais importante da cidade, na avenida Amaral Peixoto, no Centro 160 bicicletas passaram por hora pela via durante o mês de junho, número 87% maior do que no mesmo mês de 2016. Em fevereiro, esse aumento foi ainda mais expressivo: 207,5 ciclos/hora, 90% maior que em 2016, o que mostra que vem crescendo o uso da bicicleta na cidade. A malha cicloviaria de Niterói é de 36 quilômetros, no entanto, a meta oficial era de que até o fim de 2016 se atingissem os 60 quilômetros o que não aconteceu. Em contrapartida, a Prefeitura de Niterói alega estar desenvolvendo novos projetos para incentivar a ciclo mobilidade na cidade, um deles foi a inauguração, em março deste ano, do bicicletário ao lado das barcas com 416 vagas, no Centro. Em março o estacionamento recebeu 7.179 ciclistas e cadastrou 729 usuários. Segundo a matéria do jornal O Globo comerciantes do setor nesse período viram as vendas terem um crescimento de até 50% mesmo em um período de crise e com isso alguns lojistas investiram em reformas ou novas lojas. A lógica é simples e direta quanto mais ciclovias, maior o número de ciclistas e consequentemente, maior o número de bicicletas circulando, o que por necessidade gera serviços de manutenção mecânica, reformas ou levam seu proprietário a comprar novos acessórios. Um exemplo de guinada profissional é a do mecânico de bicicletas José Carlos Costa Vieira. Ele trabalhou por 18 anos em lojas especializadas e, há oito meses, abriu seu próprio negócio com um sócio, num dos pontos mais valorizados de Icaraí: na Avenida Roberto Silveira, próximo à esquina com a Rua Lopes Trovão. O lojista, sem declarar dados de faturamento, confirma o aumento do movimento na loja: “Com a abertura do túnel Charitas-Cafubá, as distâncias encurtaram, e a bicicleta passou a ser vista como uma opção. Todo dia eu atendo alguém aqui que mora lá. As pessoas também consideram muito a segurança, e as ciclofaixas estão motivando todos a pedalarem. Antes, a maior parte dos meus clientes era de homens, mas, de um ano para cá, cresceu muito o número de mulheres que compram bicicletas e até cadeirinhas para levar os filhos para a escola. Ninguém quer ficar preso no trânsito. Cada dia cresce mais, até porque o movimento da ciclovia da Roberto Silveira, que passa aqui na frente, é grande e sempre tem alguém precisando de um reparo.
Outro exemplo é da bicicletaria de Carlos Alberto Guimarães Santos, herdada do pai que funciona há 80 anos na Avenida Sete de Setembro, em Icaraí, é a mais antiga da cidade e está instalada em um prédio construído em 1919, com a fachada precisando de reformas. Mais conhecido pelo apelido de Carlinhos do Cicle, acompanhando o movimento da loja desde os seus 10 anos de idade garante que o momento da bicicleta é especial na cidade e vê uma mudança no perfil dos clientes: “De um ano para cá, meu movimento cresceu em média 50%.
Antes, eram mais pais que investiam na bicicleta para o lazer dos filhos, para passear na praia, no Campo São Bento. Atualmente, as pessoas estão se equipando para irem ao trabalho, à faculdade. Estão percebendo que podem se locomover melhor e ainda fazer um exercício”.
Segundo informações oficiais, a cidade continuará com obras para ampliar a malha cicloviária. Nos primeiros dias de julho a prefeitura deu inicio à desapropriação de 35 imóveis na Avenida Marquês do Paraná para alargar a via e implantar uma ciclofaixa que é essencial para a interligação com as ciclofaixas do Centro com as das zonas Norte e Sul. O projeto faz parte de um dos dez tópicos assumidos pelo prefeito numa carta-compromisso pela mobilidade ativa com grupos de cicloativistas, durante a campanha para reeleição que incluem entre as metas a serem executadas até 2020 a extensão até 100 km da malha cicloviária.
Fonte: O Globo/Niterói de Bicicleta
(O Globo/Niterói de Bicicleta)
25 Julho 2017
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