A busca por preços mais baixos e grande produtividade empurrou, já faz algum tempo, os fabricantes de componentes e de bicicletas para a China. As recentes ações político-econômicas da União Europeia e dos Estados Unidos provocaram uma forte reação e muitas indústrias taiwanesas estão repatriando parte de suas linhas de produção, ou levando-as para outros países do continente asiático
A política de aumento de impostos na guerra comercial promovida pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump contra a China, e as recentes ações de dumping da União Europeia contra as bicicletas elétricas chinesas, repercutiu em toda a linha de produção de bicicletas, e-bikes e componentes de marcas de origem taiwanesa com linhas de produção instaladas na China , isso provocou um movimento de repatriação industrial.
O assunto foi um dos mais comentados na última edição no 32º Taipei Cycle Show, realizado no último mês de março e tomou força ao ser abordado durante a cerimônia oficial de abertura, quando dois dos quatro oradores fizeram citações a esse movimento.
Ao acender a luz vermelha para possíveis perdas econômico-comerciais para as indústrias de origem taiwanês com linhas de produção na China continental, o governo de Taiwan criou uma força-tarefa para facilitar o retorno das empresas, além disso criaram-se linhas especiais para novos investimentos. Um movimento que já vinha sendo tentando há alguns anos pelas autoridades e que só se concretizou com o acirramento da guerra comercial entre EUA e China.
Além da elevação dos impostos ou das taxas anti-dumping, um outro problema está diretamente ligado ao aumento dos salários do trabalhador chinês, em alguns setores, segundo informa o South China Morning Post, entre 2010 e 2017 os salários chegaram a dobrar. Há de se acrescentar também o endurecimento das leis ambientais chinesas, com pesadas multas e a obrigação da adequação das fábricas a controles mais rigorosos para combater a poluição e isso trouxe um custo a mais para os empresários que em alguns setores tiveram a sua competitividade afetada.
Há coisa de pouco mais de dois anos acompanhou-se um primeiro movimento com fabricantes de quadros e componentes redirecionando sua produção para novas fabricas em Portugal, Turquia, Bulgária e Hungria . O objetivo daquele movimento estratégico era a redução dos prazos de entrega, flexibilização da cadeia de suprimentos e até a customização de determinados produtos, buscando sempre ter uma melhor opção ao consumidor e maior agilidade para a rede de distribuição.
Neste momento, o que se verifica é que a China pode estar cedendo parte da sua posição como o mais importante centro de produção de bicicletas e componentes, deixando de ser, aos poucos, o grande produtor mundial . Outras empresas taiwanesas estão fazendo um outro movimento ainda buscando custos mais baixos, deixando a China e transferindo-se para o Vietnã. Algumas marcas dos Estados Unidos, já no final do ano passado transferiram a produção de linhas mais econômicas para fabricas em Camboja, que aos poucos vem se transformando em um dos grandes produtores mundiais de bicicletas.
(Bike Europe - Mundo Bici)
11 Abril 2019
Mercado