Um novo estudo revela que uma mudança no modal de viagens, trocando o carro pela bicicleta pode reduzir drasticamente as emissões do ciclo de vida relacionadas à mobilidade.
Em recente trabalho desenvolvido por pesquisadores de entidades europeias e dos Estados Unidos, foram coletados dados relativos aos deslocamentos de 3.836 participantes em sete cidades europeias para produzir um novo estudo: “Os efeitos de mitigação das mudanças climáticas das viagens ativas”. Foi constatado que quanto mais pessoas pedalavam ou caminhavam, menos emissões de CO2 relacionadas à mobilidade eram geradas.
As emissões diárias do ciclo de vida da mobilidade são a massa de dióxido de carbono por dia associada às viagens de passageiros. Como 43% da redução nas emissões globais de CO2 durante o período de confinamento do COVID-19 foi devido à redução nos deslocamentos motorizados, é vital que os governos reconheçam o poder da bicicleta como uma alternativa inteligente e sustentável aos carros.
As principais conclusões do estudo:
* As viagens de carro geraram 70% das emissões diárias de CO2 do ciclo de vida relacionado à mobilidade, em comparação com 1% gerado pelo uso da bicicleta;
* Fazer uma viagem a menos de carro e mais uma de bicicleta por dia diminuiu as emissões de CO2 do ciclo de vida do transporte em 67%;
* Os ciclistas tiveram emissões de CO2 do ciclo de vida de viagens 84% mais baixas do que os participantes que não pedalaram.
A partir dessas informações, os pesquisadores concluíram que - ao contrário dos argumentos populares – a bicicleta é um substituto do transporte motorizado, não apenas para deslocamentos extras além das viagens motorizadas. Na verdade, os pesquisadores presumiram que, se 10% da população substituísse o carro (de 3 para 2 viagens por dia) pela bicicleta, as emissões relevantes provavelmente seriam reduzidas em aproximadamente 10%.
Os pesquisadores obtiveram dados de 9.858 diários de viagem de um dia relatando 34.203 deslocamentos. Os participantes estavam baseados em Antuérpia, Barcelona, Londres, Orebro, Roma, Viena e Zurique. Os dados foram coletados por meio de uma série de questionários sobre “comportamento diário de viagem, escolha do modo de transporte, bem como características pessoais e geoespaciais”. Diários de viagens e fatores de emissões específicos ajudaram a formular dados adicionais, como emissões de CO2 do ciclo de vida do veículo e do combustível e dados operacionais.
A pesquisa de mudança de modal geralmente se concentra em viagens de cárater não pessoal, mas deslocamentos para o local de trabalho ou de estudo, porque essas viagens produzem as mais altas emissões do ciclo de vida relacionadas à mobilidade (37%).
Este estudo, entretanto, enfatiza o alto potencial para redução de emissões em deslocamentos pessoais, como negócios / compras (17%) e nas viagens sociais / recreativas (34%). Apesar do fato de que as pessoas costumam usar veículos motorizados para deslocamentos pessoais, há um grande potencial para uma mudança modal para a bicicleta, já que esses deslocamentos são geralmente curtos. Os pesquisadores sugerem que a pesquisa e a política de troca de modal também devem se concentrar nessa gama mais ampla de propósitos de deslocamentos. Esse novo enfoque torna-se ainda mais importante quando se considera o aumento da população idosa
No entanto, ainda é vital continuar defendendo os deslocamentos para trabalho e educação. Nas cidades onde foi feito o estudo o uso da bicicleta três ou mais vezes por dia reduziu as emissões de CO2 do ciclo de vida relacionadas à mobilidade para educação e trabalho em 78%!
Os programas para uso da bicicleta para deslocamentos ao trabalho encorajam essas mudanças modais essenciais para a redução das emissões em viagens, sem mencionar o impacto positivo da bicicleta para o trabalho no bem-estar pessoal e na produtividade.
O estudo, revelado no rescaldo da crise da Covid-19 aponta para a necessidade de que os países invistam e promovam o uso da bicicleta para atingir os objetivos de redução de emissões de gases de efeito estufa. Para diminuir as emissões de transporte, precisamos de uma mudança rápida e ousada substituindo deslocamentos motorizados para bicicletas.
fotos: Hindrik Sijens-VisualHunt / Denkrahm-VisualHunt CC
(ECF - European Cyclist Federation)
01 Setembro 2020
Mobilidade